“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isto não vem de vós, é dom de Deus.” Efésios
2:8
É muito comum quando falamos acerca do evangelho, as
pessoas alegarem que não se preocupam com o juízo vindouro, visto que, apesar
de seus pecados, são boas pessoas, ajudam o próximo, cumprem com seus deveres
para com a sociedade e o estado, assim são reconhecidas como pessoas boas
diante dos olhos dos homens.
Também vemos várias pessoas alegando que Deus é bom e
amoroso, portanto não há com que se preocupar. Ainda existem aqueles que negam a
existência do céu ou do inferno, e quando questionadas a respeito da fé, muitas
dessas pessoas afirmam categoricamente possuir “muita fé”.
Em contrapartida, é muito comum encontramos várias
pessoas, ditas cristãs ou religiosas, que baseiam sua certeza de salvação em sua
conduta. São pessoas que relacionam uma lista imensa de pecados que
supostamente não cometem mais, assim por terem abandonado tantos pecados,
possuem certeza de que serão salvas.
Este único versículo, escrito por Paulo em sua carta aos
Efésios, é o suficiente para dar uma resposta perturbadora para ambos os
pensamentos. A alegação inicial de que “Pela
graça sois salvos” já demonstra nitidamente a necessidade de uma
salvação, e salvação essa que não pode ser comprada ou adquirida com esforços
pessoais, visto que é “Pela
graça” ou “de graça”, e
que essa “graça” é alcançada “por meio da fé”!
1 – O que é fé?
Creio que o ponto principal para entendermos o que Paulo
estava dizendo, é compreendermos o que vem a ser Fé. A bíblia originalmente foi
escrita em hebraico e grego, no grego a palavra “FÉ” é “Pistia” e no hebraico “emanuá”,
tanto nas duas línguas como em português essas palavras possuem o mesmo
significado: crença, confiança, fidelidade, lealdade e veracidade ou firmeza da
verdade.
Com esta definição podemos facilmente associar “fé” com
confiança sobre a verdade, um exemplo interessante que podemos ter desta
associação é o termo jurídico denominado “fé pública”. Este termo denota um
crédito que deve ser dado a autoridades publicas ou documentos por elas
emitidos. Assim estes documentos são tidos como verdadeiros, sem qualquer
demonstração de sua correspondência com a verdade, até que o contrário seja
provado.
Por exemplo: uma escritura de compra e venda de imóvel
lavrada pela Caixa Econômica Federal não garante a propriedade de um imóvel no
Brasil, pois a documentação pode ser devolvida pelo registro de imóveis
(cartório) e o comprador, mesmo sem receber o bem, continua com a obrigação de
pagar o financiamento. Antes de pagar a taxa da escritura da Caixa,
recomenda-se levar a matrícula imobiliária a um registro de imóveis ou a um
escrivão, que informam com segurança se o imóvel pode ser transferido, pois ao
escrivão do registro de imóveis é atribuída fé publica.
Assim vemos que é digna de fé a palavra ou documento
emitido por uma autoridade reconhecida, e entendemos que é digna de fé porque é
expressão da verdade. E para que haja reconhecimento da autoridade existe uma
delegação de autoridade que é de conhecimento publico, provado e comprovado. E
o próprio documento emitido foi apreciado, verificado e comprovado sua fidelidade
pelo escrivão competente.
Concluímos então que a fé deve corresponder à verdade. A
fé então é um sentimento de confiança que depositamos sobre aquilo que
reconhecemos como uma verdade, ou porque foi emitida por uma autoridade
reconhecidamente verdadeira, ou porque o objeto de nossa fé foi provado e
comprovado, portanto digna de fé.
Assim percebemos um contraste muito grande entre o
significado da palavra fé daquilo que usualmente as pessoas chamam de fé,
principalmente quando relacionada a questões religiosas. Pois é comum vermos
pessoas dizendo ter fé a dogmas e preceitos em que elas mesmas não conseguem
explicar a sua comprovação, ou o motivo pela qual aquele pensamento é digno de
fé.
Isto é um contraponto àquela definição que normalmente
temos com relação à fé, aprendemos na escola que a fé é distante da razão e a
razão distante da fé, porém é impossível separar a razão da fé, pois a razão
leva a fé. Se disser que cremos em algo que não possui fundamento, ou lógica,
ou argumentos racionais, não podemos chamar isto de fé, mas apenas uma crença,
superficial e passível de questionamentos.
Por razão (do latin
rationem: significa cálculo, conta, medida, regra) definimos ser a
capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de
suposições ou premissas. É um dos meios pelo qual seres racionais propõem
explicações para causas e efeitos.
A razão é o que nos permite identificar e operar conceitos
em abstração, resolver problemas, encontrar coerência ou contradição entre eles
e, assim, descartar ou formar novos conceitos, de uma forma ordenada. Inclui
raciocinar, apreender, compreender, ponderar e julgar, por vezes usada como
sinônimo de inteligência.
Para ilustrar bem a relação entre razão e fé, podemos
dizer que quando ouvimos uma afirmação, procuramos conhecer melhor esta
afirmação, entendemos todos os aspectos e limites desta afirmação, então
analisamos no que essa afirmação se baseia, enfim avaliamos se as bases
realmente sustentam essa afirmação, e sua autoridade e veracidade, e então percebendo
coerência na afirmação e firme sustentação em suas bases, passamos a ter essa
afirmação como digna de fé.
Uma vez essa afirmação ser digna de fé, deve produzir
naquele que a tem, certeza inabalável. Assim aquele que diz ter fé, deve
expressar a sua fé com total confiança e fidelidade àquilo que crê. Mais do que
uma simples crença, a fé é acompanhada de total falta de dúvida, fruto de um
convencimento genuíno da verdade.
Portanto a fé deve ser embasada em argumentos racionais e
lógicos sim, não é a toa que apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos escreve “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir
pela palavra de Deus.” Romanos 10:17, afinal ele sabia muito bem que a fé
necessariamente deve ser alicerçada no conhecimento da palavra de Deus, ou na
bíblia.
A bíblia possui autoridade divina, pois foi inspirada por
Deus para ser digna de fé. Assim como os cartórios e escrivães possuem a fé
publica em nossa sociedade, a bíblia possui autoridade divina. A comprovação
disto está em toda a sua coerência escriturística, histórica e filosófica.
Portanto no que diz respeito ao conhecimento de Deus, a
bíblia é a autoridade máxima entre os homens, por isso toda nossa fé em Deus
deve estar baseada no que a bíblia afirma sobre Deus. E o entendimento sobre a
bíblia não anula a nossa capacidade de raciocínio e compreensão, pelo
contrário, quanto mais estudamos a bíblia somos levados a pensar, compreender,
ponderar e julgar, ou seja, exercitamos nossa razão.
Assim o que Paulo estava ensinando aos romanos é que o conhecimento,
ou o exercício da razão sobre as sagradas escrituras nos leva à fé.
Mas como proceder quando a razão parece contradizer aquilo
que já temos admitido como digno de fé? Ou quando não conseguimos concluir
racionalmente aquilo que a bíblia afirma, como por exemplo, a questão já
estudada da trindade?
Temos que lembrar de que nossa mente é limitada, assim
como nossa capacidade de raciocínio, não podemos determinar racionalmente todas
as coisas, portanto aquilo que é objeto de nossa fé não pode ser colocada em
dúvida por aquilo que ainda não conseguimos compreender plenamente.
Um bom exemplo disto é o que aconteceu com Abraão. A
bíblia chama Abraão de o pai da fé, e em Romanos encontramos a seguinte
afirmação: “Creu Abraão em Deus, e isso
lhe foi imputado como justiça.“ Romanos
4:3. No contexto em que essa afirmação foi feita, Deus aparecera a Abraão e
lhe ordenou a sair de sua terra, do meio de sua parentela, para peregrinar por
uma terra em que Deus daria à sua descendência, e que faria de Abraão pai de
muitas nações.
Quando Deus falou a Abraão estas palavras não havia em
Abraão nenhuma capacidade racional de prospectar a veracidade das palavras do
Senhor. Ele não conseguiria enxergar racionalmente como uma terra que ele não
conhecia, e que já era habitada por outros povos, seria de sua descendência,
muito menos como seria possível ele ser pai de muitas nações visto que ainda
não tinha nenhum filho.
Porém as limitações racionais de Abraão quanto à
compreensão de como estas promessas se realizariam não o impediu de crer em
Deus, pois ele reconheceu a autoridade de quem estava lhe falando essas
palavras. O reconhecimento da autoridade de Deus o levou à fé, e esta fé não
foi questionada pelas duvidas de como se daria, mas durante sua peregrinação
sua fé foi fortalecida, vendo e experimentando os cuidados de Deus para com
ele.
Assim Abraão creu de tal forma que obedeceu à palavra de
Deus, confiando que aquilo que Deus prometera aconteceria, pois ele reconhecia
que Deus era poderoso para fazê-lo. Portanto a fé de Abraão estava baseada na
autoridade de Deus.
Assim vemos que Fé não é apenas crer ou acreditar em algo,
fé é muito mais do que isso, fé é quando cremos de tal forma a ponto de termos
o objeto de nossa fé como verdade absoluta, a ponto de sermos constrangidos a
nos sujeitar a essa fé.
Fé é a expressão da verdade, sendo embasada em argumentos
lógicos e racionais que a sustentam como fé e não apenas uma crença sem
fundamentos. E desta forma também a fé nos leva a fidelidade, pois temos o
objeto de nossa fé como uma verdade inabalável e nos sujeitamos a ela.
Logo temos uma grande pergunta ao entendermos o que é fé.
Qual a fé que agrada a Deus? Se nós entendemos que Deus é uma pessoa, com
vontades e desejos, logo entendemos que Deus também pode ser agradado ou
desagradado.
2 – Qual a fé que agrada a Deus
A bíblia diz “Ora,
sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima
de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” Hebreus
11:6, e mais, a bíblia deixa claro que qualquer graça que recebemos de Deus
vem mediante a fé, e não qualquer fé, mas a fé correta no que Deus, o objeto
desta fé, realmente é, embasada naquilo que ele expressou e declarou sobre si
mesmo.
A Fé que agrada a Deus deve ser aquela em que ele é aceito
da maneira como ele se revelou e não da maneira como pensamos ou gostaríamos
que fosse.
E sobre o que ele revelou de si mesmo a bíblia declara que
Jesus Cristo é a expressa imagem de Deus. Assim o que se pode conhecer de Deus
ele revelou através de Jesus Cristo.
Assim, vamos olhar o que dizem os versículos anteriores e
ver a que Paulo se referia quando disse “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”:
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas
e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da
desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por
natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em
misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em
nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e
nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais,
em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da
sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” Efésios 2:1-8
Paulo faz um breve discurso a respeito da mensagem do
evangelho, lembrando aos cristãos de Éfeso, a situação que eles viviam diante
de Deus antes de se converterem ao evangelho. Situação esta, em que se
encontram todos aqueles que não experimentaram a conversão à Cristo.
É notório como Paulo enfatiza a situação natural da
humanidade: “andastes segundo o curso deste mundo,
segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos
da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por
natureza filhos da ira, como os outros também”. Paulo discorre sobre
como a humanidade caminha alheia à vontade de Deus, fazendo sua própria
vontade, permanecendo em desobediência e sujeitos à ira de Deus.
Mas Deus em sua infinita misericórdia nos amou, e amou de
tal maneira que providenciou para nós salvação através do que Cristo fez na
cruz, não somente morrendo pelos nossos pecados, mas também ressurgindo dentre
os mortos, provando ser Ele mesmo o Filho de Deus. “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que
nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente
com Cristo”. Perceba que Jesus morreu por nós enquanto nós ainda
estávamos em desobediência e filhos da ira, ou seja, antes de haver qualquer
esboço de vontade em voltarmos para Deus.
Em poucas palavras Paulo declara sobre a essência do
evangelho de Jesus Cristo, evangelho este que é o objeto de nossa fé. Por fé
ser um sentimento, é possível ter fé em qualquer coisa ou pessoa, mas a fé que
Paulo se refere neste texto é a fé no evangelho, na morte vicária de Cristo, no
Cristo ressurreto, na remissão dos pecados pelo que Cristo fez por nós.
Assim Paulo está vinculando a salvação conquistada por
Jesus Cristo através de seu sacrifício na cruz, à fé na mensagem do evangelho. Assim
temos direito à salvação quando cremos no evangelho como verdade absoluta, e
sujeitamos nossas vidas ao que esta mensagem nos diz.
É necessário depositar a sua fé em tudo o que foi exposto
até este momento a respeito de nossos pecados e culpas, da pessoa de Jesus
Cristo, a segunda pessoa da trindade, o Deus encarnado, sua mensagem de
arrependimento, seu sacrifício vicário, e sua ressurreição, para que se tenha
acesso à salvação que é a expressão máxima da graça de Deus em nosso favor.
A total confiança na suficiência do sacrifício de Cristo
para a remissão de nossos pecados, a confiança inabalável de que pelo amor de
Deus somos salvos e a plena certeza de que em Cristo e apenas em Cristo podemos
ter esperança de dias melhores é fruto direto da fé no evangelho de Jesus
Cristo, por isso o escritor de Hebreus declara com tamanha propriedade:
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no
santuário, pelo sangue de Jesus,
Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,
retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” Hebreus 10:19-23
Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,
retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” Hebreus 10:19-23
E esta fé deve levar à fidelidade, ou seja, porque cremos
que a mensagem do evangelho é verdadeira, nos sujeitamos a ela, isso implica no
arrependimento de nossos pecados, na confissão de Cristo e sujeição às suas
leis. Assim a fé deve levar à obediência.
Assim entendemos que a salvação não pode ser frutos de
atitudes ou ações, por mais que essas ações reflitam uma aparência de santidade,
pois ela foi dada gratuitamente a todos pelo sacrifício de Cristo na cruz. No
entanto a bíblia está repleta de leis e ordenanças, algumas proferidas pelo
próprio Cristo, e não são poucos os alertas para que os cristãos busquem
obediência e santidade, sob a ameaça de não serem salvos os que não buscarem
tais coisas.
Para entendermos melhor esta situação vamos analisar outro
texto, também escrito por Paulo, agora aos cristãos da Galácia:
“Porque as obras da carne são manifestas, as
quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas,
homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das
quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não
herdarão o reino de Deus. Mas o
fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,
mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gálatas 5:19-23
Paulo explica a respeito de obras da carne e fruto do
Espírito. Facilmente podemos relacionar as chamadas “obras da carne” com “curso
deste mundo” e “andávamos
nos desejos da nossa carne” do primeiro texto, pois um é consequência
do outro. Perceba que Paulo novamente enfatiza que “os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.
Mas em contrapartida às obras da carne vemos uma relação
chamada de “Fruto do Espírito”, e nesta relação temos sentimentos e posturas
que não contrariam as leis de Deus, pelo contrário, levam à obediência à lei.
Por “Fruto do Espírito” entendemos aquilo que o Espírito
Santo naturalmente opera na vida do cristão, assim a mansidão, temperança, domínio
próprio não acontece na vida do cristão por seu próprio mérito ou esforço, mas
pela operação sobrenatural do Espírito Santo que atua na vida do cristão.
Assim, visto que o “Fruto do Espírito” não é por mérito,
mas pela ação do Espírito Santo, logo o “Fruto do Espírito” é uma graça de Deus
a nós, e se é graça só pode ser alcançada mediante a fé.
Entendemos então que, os salvos em Cristo, aqueles que depositam
sua fé no evangelho e na obra de Cristo, e que se arrependeram de seus pecados
e desejaram voltar-se para Deus, e receberam o Espírito de Cristo, têm como
fruto deste Espírito, sentimentos e posturas que os levam à obediência da Lei
de Cristo. Tudo começa pela fé no evangelho.
O cristão não é salvo porque obedece a bíblia, mas obedece
à bíblia porque é salvo. E se caso a vida deste cristão não está de acordo com
os ensinamentos da bíblia, algo de muito errado está em sua fé, e por consequência
algo tremendamente errado em seu conceito de salvação.
Percebemos uma coerência entre estas afirmações e o que
Pedro escreveu em sua segunda carta, onde diz:
“Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à
sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio;
ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade;
e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem
crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de
nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém
não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos
seus antigos pecados.” 2 Pedro
1:5-9
Veja como Pedro destaca que a fé inicial deve ser
acrescida e edificada. Buscando a perfeição e o pleno conhecimento de Jesus
Cristo. Alertando que aqueles que não empenham em edificar a fé, estão correndo
um grande risco de “esquecer-se da purificação dos seus antigos pecados”.
Sabemos que a vida cristã não é uma vida isenta de
pecados, e vemos que mesmo o mais devoto cristão sofre com provações,
tentações, e por vezes pecados. Diante disto Tiago em sua carta escreveu algo
muito importante a respeito das tentações:
“Meus irmãos, considerem motivo de grande
alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova
da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim
de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.” Tiago 1:2-4
Percebemos novamente que a fé é o ponto central, mesmo
quando o cristão passa por provações, a prova desta fé produz perseverança, e
uma fé ainda maior.
Pela fé o cristão pode repousar tranquilo sobre as
promessas de Cristo, pela fé podemos ter certeza da salvação conquistada na
cruz, pela fé podemos obedecer e viver os mandamentos do Senhor, pela fé nós
podemos suportar as tentações e provações, pela fé podemos viver na terra como
cidadãos celestiais, porque cremos e confiamos que tudo quando o Senhor disse é
a expressão máxima da verdade, confiamos em sua autoridade e em seu poder, e
por isso nos sujeitamos a Ele em fidelidade à sua palavra.
Portanto a vida cristã deve possuir como objetivo a
edificação da fé, mediante o conhecimento de Deus, e não apenas o conhecimento
escriturístico, daquilo que a bíblia afirma sobre Deus, mas também o
conhecimento pessoal, de experiência com o Deus da bíblia, da perseverança na
obediência a seus mandamentos mesmo diante das provações. Da sujeição a Deus em
amor, em toda e qualquer circunstância.
Assim, vemos que a salvação em Cristo é uma dádiva de
Deus, que é alcançada mediante a fé em seu evangelho, a todo aquele que desejar
no seu íntimo voltar-se para Deus, arrependendo-se de seus pecados e de sua
vida natural, alheia à vontade de Deus. E como fruto dessa salvação, o próprio
Deus produzirá nesta pessoa uma transformação surpreendente, levando-o à total
obediência à sua Palavra.
Assim, a fé que agrada a Deus é aquela que reconhece quem
verdadeiramente somos: homens maus, desprovidos de qualquer virtude, rebeldes e
pecadores, e por nossos pecados destituídos da graça de Deus. Que reconhece
quem Deus é: Santo, Justo e Bom, o único digno de toda a honra, glória, louvor
e adoração. E por fim que reconhece o amor de Deus, demonstrado na cruz do
calvário, amor que nos chama a reconciliação, que nos chama ao arrependimento.
A fé no evangelho de Jesus Cristo produz na vida do
cristão, mediante a ação do Espírito Santo, toda a transformação necessária
para que o cristão tenha uma vida digna de seu Senhor, em tudo o agradando.
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