Princípios morais dos mandamentos - 1o Mandamento.


O povo hebreu estava já a 3 dias se purificando, preparando-se para encontrar com o Deus que os havia tirado da terra do Egito com grandes maravilhas. Todos conheciam que o mesmo Deus tinha aparecido a seus pais: Abraão, Isaque e Jacó, e agora estavam ansiosos para ter a mesma experiência de seus pais.
Por ordem de Deus, Moisés havia demarcado limites aos pés do monte Sinai para que ninguém ultrapassasse aqueles limites.
Quando o povo se pôs em pé, pela manhã, defronte ao monte Sinai, viram que todo o monte estava repleto de fogo, fumaça, relâmpagos e trovões, e um forte barulho de buzina tocando cada vez mais forte. Todo o monte tremia e o povo encheu-se de temor.
Do meio de todo aquele esplendor e poder, ouviram a voz do Todo Poderoso que dizia:

“Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” Exôdo 20:2-6

Quando estudamos os atributos de Deus, percebemos o quão impossível é a existência de outros deuses. Pois como poderíamos conceber a ideia de dois seres que seriam onipotentes, onipresentes, onicientes, e soberano sobre todas as coisas? Só há como haver um único Deus, e este Deus é o criador de todas as coisas, e nada do que existe existiria sem a sua vontade.
Aquele povo hebreu havia sido escolhido por Deus para ser testemunha destas coisas, do Deus único e verdadeiro, e da sua perfeita vontade através de seus mandamentos.
Por isso o primeiro mandamento é justamente este: “Não terás outros deuses diante de mim”.
As nações que estavam ali em volta tinham a idolatria como prática. O Egito possuía muitos deuses, e os povos de Canaã também tinham a prática de adorar outros deuses.
Em todo momento da história do homem, quando os homens se tornaram idolatras, usaram sempre imagens de coisas criadas para representarem seus deuses. Formas humanas ou de animais, e até mesmo antropozoomórfica, ou seja, parte humana e parte animal. Muito diferente daquela imagem atemorizadora que os hebreus estavam tendo do Deus Vivo.  Um Deus que não poderia ser representado por forma alguma, mas mesmo assim repleto de glória, esplendor e poder.
A história bíblica nos conta que quando Moisés subiu ao monte Sinai, e passando 40 dias, o povo hebreu pensando que Moisés tivesse sido consumido por Deus no monte, resolveram fazer um deus para si, um bezerro de ouro.
Rejeitaram a visão de glória e esplendor que tiveram no monte Sinai para fazer uma imagem de um bezerro, e o adoraram como deus.
Não tem como separar a idolatria da rejeição à Deus.
A idolatria nasce no coração do homem, a partir do momento em que o homem rejeita ao verdadeiro Deus. Por ter necessidade de adorar, faz para si mesmo um deus, que na verdade é a expressão da sua vontade.
Quando o homem se dispõe a adorar uma imagem, aquela imagem está representando seu próprio ego. Aquele ídolo não será capaz de repreender seus pecados, ou acusá-lo de seus erros. Mas é uma forma de ter um deus que aprove sua conduta, sua maneira de pensar e de ser.
Portanto o princípio moral contido no “Não terás outros deuses diante de mim” está justamente em sujeitar-se ao único e verdadeiro Deus.
Tanto para o povo hebreu como para nós, o discurso de Deus no Sinai é duro, pois mostra os nossos pecados, nos repreende e acusa nossa natureza pecaminosa. O discurso de Cristo no monte das oliveiras não foi diferente, pois Cristo não passou a mão no pecado de ninguém, mas trouxe à luz nossa condição de pecaminosidade quando disse que aquele que atentar para uma mulher com olhar impuro já adulterou; quando disse que aquele que se encolerizar contra seu semelhante já em seu coração o matou.
Portanto quando nos aproximamos daquele que é Santo, nossas impurezas se tornam evidentes, e o homem que não está disposto a se limpar de suas impurezas prefere afastar-se do Deus verdadeiro, criando para si outro deus ou deuses.
Outro ponto interessante sobre a idolatria é a confiança.
O idolatra não pode ter sua confiança no Deus verdadeiro porque sabe que o rejeitou, portanto ele necessita de depositar sua confiança em algo que lhe de segurança, mesmo que essa segurança seja apenas uma falsa impressão.
Assim os homens tem depositado sua confiança no dinheiro, nas forças de suas mãos, na sua capacidade de eloquência, nas palavras de um guru, e em tantas outras coisas que afagam a sua alma. Pois têm rejeitado aquele que pode de fato dar a confiança necessária para o homem passar por qualquer circunstância.
Outro ponto interessante sobre a questão da idolatria está na devoção e no culto voluntário.
O homem tem a necessidade de prestar devoção e culto à Deus, e quando se afasta do Deus verdadeiro, e cria para si um deus, ele também cria uma forma de culto para esse deus.
Somente Deus deve ser cultuado, venerado e adorado.
E este tem sido um grande erro dos católicos deste o século VIII.
Os católicos afirmam não adorar as imagens, mas apenas venerá-las, por retratarem pessoas que obtiveram testemunho de fé.
No entanto essas imagens são cultuadas, existem rezas para estas imagens, são acesas velas aos pés das imagens e suas orações, ao invés de direcionadas à Deus são direcionadas à imagem.
Veja novamente o mandamento de Deus:

“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás;” Exôdo 20:4-5b

Venerar ou prestar culto a qualquer outro que não seja Deus consiste em idolatria.
Mas não apenas os católicos têm sido idolatras ao venerarem imagens de santos, mas os evangélicos contemporâneos também têm criado um deus diferente do Deus Vivo. Um deus que dá casa, carros, que dá prosperidade e que não acusa seus pecados, nem sua cobiça e sua injustiça.  E para esse deus tem criado um culto diferente, onde a ostentação é cultuada, onde os testemunhos não mostram mais a mudança de caráter, mas apenas a aquisição de bens e vitórias. Onde não há mais o clamor para o arrependimento, mas sim a motivação para uma vitória a qualquer custo.
Outro ponto interessante sobre a idolatria, revelada neste texto, especialmente em Exôdo 20:5, está na implicação deste pecado.

“Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” Êxodo 20:5

O que Deus está dizendo é que a idolatria é uma iniquidade dos pais contra os filhos.
Os filhos crescem observando seus pais, e estudiosos afirmam que até os 3 anos de idade uma criança não tem condições de separar o certo do errado, portanto, tudo o que eles veem seus pais fazendo ou falando elas tomam por certo.
Quando os pais cultuam outros deuses, estão pecando também contra seus filhos, incutindo neles a idolatria como algo correto.
Mas Deus se diz “zeloso”, e que visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que o odeiam. Muitos imaginam que Deus está dizendo que iria castigar a iniquidade dos pais nos filhos, mas não é isso que Deus está dizendo.
Por causa da iniquidade dos pais, os filhos se tornam idolatras, mas o visitar de Deus vem para que os filhos tomem consciência de sua iniquidade e se arrependam.
Veja um claro exemplo da visitação de Deus nas palavras de Jesus:

“Dizendo: Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.
Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados;
E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação.” Lucas 19:42-44

Jesus estava sobre o monte das oliveiras, vendo a cidade de Jerusalém e lamentando sobre ela. Porque o Deus encarnado havia pisado sobre ela, entrado triunfalmente por suas portas com cantos de Hosana, Hosana. E não reconheceram o tempo de sua visitação, e não se arrependeram de seus pecados.
Assim Deus tem visitado gerações após gerações, conclamado os homens ao arrependimento.
Na verdade todos nós somos propensos à idolatria.
Mas qual deve ser então nosso procedimento em vista deste principio moral “Não terás outros deuses diante de mim”?

“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” Atos 17:30-31

O Senhor Deus tem um dia determinado em que julgará toda a impiedade e maldade do coração humano, mas enquanto este dia não chega, insistentemente nos chama ao arrependimento de nossas obras mortas, e a sujeição à sua vontade.
E o atributo de Deus que se torna mais evidente neste primeiro mandamento está expresso no verso 6:

“E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” Êxodo 20:6
Deus é um Deus de misericórdia, que está disposto a perdoar nossos pecados, que deu seu Filho Jesus Cristo, para que a sua justiça fosse manifestada a nós. Portanto ame a este Deus, aproxime-se dele, com coração quebrantado e contrito, e sujeite-se ao seu amor.



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